Bez Kategorije
Reformar uma igreja é um trabalho persistente
Eu perguntei ao jovem sentado ao meu lado no almoço: “Por que você decidiu ir ao seminário?”. Ele disse: “Eu queria fazer grandes coisas para Deus!”.
A resposta dele me fez tremer levemente. Eu me perguntei se ele acaso já lera alguma biografia de homens que fizeram “grandes coisas para Deus”. Ele estava ciente do sacrifício que vem com a “grandeza”?
Muitos desses grandes indivíduos eram reformadores. Eles viram algo quebrado, sem direção ou distorcido, e tomaram providências para mudar o rumo – ou reconstruir. Esses grandes indivíduos eram verdadeiros pastores: eram estudantes da Palavra que assumiram o encargo de proclamá-la. Eles agiram como profetas, não por meio da predição, mas do discernimento: sendo capazes de falar com franqueza acerca do presente, à luz do que havia sido escrito no passado.
É isso o que um pastor faz. Ele ergue a Palavra de Deus e chama homens e mulheres a renovarem as suas mentes e a reformarem os seus caminhos. Se você não quer ser um reformador, você não quer ser um pastor.
Motivações para a reforma
Quando você olha para um corpo de crentes pequeno, enfraquecido e enfermo, o que poderia levá-lo a começar o trabalho de reforma que é necessário? Deixe-me sugerir seis motivações:
1. Por causa do cristão
Em João 21, nós ouvimos Jesus perguntar a Simão Pedro (três vezes): “Simão, filho de João, tu me amas?”. Três vezes Simão Pedro diz: “Sim”. E três vezes Jesus diz: “Apascenta os meus cordeiros”. Em Lucas 15, nós lemos que Jesus estima o seu próprio povo de tal maneira que, se eles fossem ovelhas, ele deixaria “no deserto as noventa e nove” para resgatar a que se perdeu. Deus ama o seu povo. Ele deseja que todos estejam ajuntados e alimentados.
Em toda revitalização de igreja que eu já vi, há pelo menos algumas ovelhas presentes (às vezes em meio a lobos). Elas têm sido mal alimentadas e até maltratadas. Mas elas foram adotadas por Cristo e, portanto, são merecedoras de cuidado. Considere revitalizar uma igreja para o benefício dos verdadeiros crentes que estão lá.
2. Por causa do cristão nominal
Poucas coisas são mais lastimáveis do que o indivíduo que acredita ter o céu como recompensa quando, na verdade, o seu destino é o inferno. Muitas de nossas igrejas estão cheias desse tipo de pessoa – o “cristão” nominal. Paulo tinha essa preocupação em mente ao escrever: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos” (2Coríntios 13.5).
Desde a queda, ninguém está livre do autoengano. Nós facilmente somos feitos de bobo. E um pastor amoroso irá trabalhar para livrar do erro os autoenganados.
No início dos anos 1990, na Capitol Hill Baptist Church, nós trabalhamos duro para ir atrás de centenas de membros nossos que nunca frequentavam os cultos. Ao encontrá-los, a maioria não tinha nenhum interesse em nós e nossas ideias de “membresia significativa”. Mas havia uns poucos que, ao serem apresentados ao evangelho e ao chamado de Deus para que fossem parte do corpo, se arrependeram e vieram à fé. Dorothy, uma mulher de oitenta anos que não frequentava a igreja por mais de três décadas, morava nas proximidades. Nós compartilhamos o evangelho com ela, não desejando presumir nada. Ela disse: “Eu acho que jamais havia entendido isso antes”. Considere revitalizar uma igreja para o benefício dos “cristãos” nominais.
3. Por causa da vizinhança
Em 1993, após quatro décadas de declínio e outro pastor fracassado, a Capitol Hill Baptist Church chegou ao fundo do poço – pelo menos na minha percepção. Eu estava em meu caminho ao mercado local, certa noite, e dois vizinhos seguiam à minha frente. Eu conhecia aqueles homens. Eles eram um conhecido casal homossexual que morava na vizinhança de nossa igreja. Naquela noite, tendo ouvido o que acontecera com o nosso pastor despedido, os dois homens escarneciam da minha igreja em alta voz. Que ironia! Homens homossexuais escarnecendo de uma igreja de mente evangélica, mas que falhava em viver de acordo com aquele mesmo evangelho. Para usar um termo do Antigo Testamento, nós éramos um “provérbio” em nossa própria vizinhaça. Nós éramos uma testemunha reversa na própria comunidade na qual deveríamos ser um padrão de santidade. Felizmente, à medida que nossa igreja cresceu de forma mais saudável, o mesmo aconteceu com nosso testemunho.
Alguns anos depois, Mark Dever e eu estávamos em uma caminhada, e um vizinho que havia observado a nossa igreja por vinte anos nos parou e perguntou: “O que há de diferente com a sua igreja?”. Mark disse: “Bem, Matt tem tentado terminar a pintura e pôr em ordem o jardim”. O homem disse: “Não, não estou falando disso. Há algo diferente com as pessoas”.
Eu posso relatar hoje que muitos em nossa vizinhança vieram a Cristo. No processo de revitalização, nós fomos capazes de demolir um mau testemunho e substituí-lo por um bom testemunho – isso é um “leve-dois-pague-um” do evangelho. Considere revitalizar uma igreja enfraquecida para o benefício dos vizinhos.
4. Por causa dos recursos
Bilhões de dólares, doados por cristãos fiéis por muitas décadas, têm sido gastos em terrenos e construções. Hoje, com muita frequência, essas construções são subutilizadas ou estão até mesmo vazias – meros monumentos ao passado. Plantadores de igrejas muitas vezes menosprezam esses recursos e não pensam duas vezes em seguir uma abordagem de ministério potencialmente desgastante do tipo “igreja itinerante” ou “igreja sobre rodas”.
Por que essa abordagem é tão desgastante? Pergunte a quase todo plantador de igreja. Ele provavelmente lhe dirá quanto esforço é exigido das melhores pessoas de sua igreja para mudar de local toda semana, sem contar quando é necessário realocar pois o auditório de uma escola ou salão de hotel não está mais disponível. Então, considere mudar-se para uma velha vizinhança, revitalizar uma igreja e recuperar recursos que foram originalmente doados para propósitos evangélicos.
5. Por causa do futuro
Logo depois de perdermos o nosso último pastor e de eu ouvir os dois homens escarnecerem de nossa igreja, a casa onde morávamos, adquirida pela igreja, foi invadida e saqueada. A porta da frente foi arrombada e os objetos de valor foram roubados. Minha família ficou fora da cidade com os pais da minha esposa, até que a casa estivesse segura novamente.
Na primeira noite de volta, minha esposa fez uma pergunta muito pertinente: “O que nós estamos fazendo aqui?”. Ao deitarmos naquela noite, eu me perguntava a mesma coisa. Eu simplesmente disse (e com um espírito de oração): “Acho que estamos aqui pelas pessoas que virão”.
Eu devo rapidamente admitir que, normalmente, não sou tão alegremente otimista quanto ao futuro. Mas, naquele momento, eu senti como se Satanás estivesse fazendo as coisas parecerem pior do que eram, e precisávamos aguentar firme. Pela graça de Deus, persistimos em meio a circunstâncias muito difíceis e o futuro se mostrou muito promissor: nós estamos em uma temporada de prosperidade como igreja que já dura quase duas décadas. Em cada profissão de fé, cada batismo, cada ato de arrependimento, cada viagem missionária, cada moço que se compromete a preparar-se para o ministério, eu me alegro silenciosamente. Cada um desses eventos era, em um momento, uma parte do futuro da nossa igreja – um futuro que eu não conhecia, mas Deus sim.
Considere revitalizar por todas as pessoas que, algum dia, podem adentrar por suas portas e ser ajudadas em sua caminhada com Jesus.
6. Por causa do nome de Deus
Você é zeloso para que o nome de Deus seja honrado no mundo? O que você pensa da igreja ou do pastor que usa o nome de Deus e extrai tradições da Escritura, mas não segue o Deus único e verdadeiro que se revela na Bíblia?
Amigo, Deus é zeloso pelo seu próprio nome e louvor!
Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e por causa da minha honra me conterei para contigo, para que te não venha a exterminar. Eis que te acrisolei, mas disso não resultou prata; provei-te na fornalha da aflição. Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem. (Isaías 48.9-11)
Para que o nome de Deus seja apropriadamente representado no mundo, nós precisamos ser zelosos pelo testemunho da sua igreja. Por quê? Para que a glória de Deus seja difundida e magnificada. O seu nome é difamado quando igrejas ditas cristãs o representam de modo distorcido, com sua tolerância ao pecado, suas más práticas conjugais, visões erradas da sexualidade e uma multidão de heresias, desde a salvação até a autoridade da Escritura.
Eu oro contra essas igrejas que difamam o nome de Deus. Eu oro para que elas morram ou, pelo menos, tornem-se invisíveis para a vizinhança.
Eu positivamente oro por aquelas igrejas verdadeiras na minha vizinhança, que proclamam a verdade, que apropriadamente ajuntam aqueles que foram nascidos de novo, e cujo principal propósito é a glória de Deus. Considere revitalizar por causa do nome de Deus.
Conclusão
Eu tenho visto homens fiéis em nossos dias entrarem em situações nas quais a infidelidade reinava, e ali reformarem um povo ao pastoreá-lo. Você pode ter ouvido falar de alguns de seus nomes, como John Piper ou Mark Dever. Você pode não ter ouvido falar de muitos outros que eu poderia nomear. Mas, conhecidos ou desconhecidos, todos eles são homens fiéis que usaram os recursos existentes para revitalizar uma igreja por causa dos cristãos, dos “cristãos” nominais e da vizinhança. Em seus muitos dias fiéis de sangue, suor e lágrimas, Deus tinha um monte de pessoas em mente – no futuro – que receberiam benefícios eternos. E o nome de Deus está sendo magnificado!
Revitalizar uma igreja não é fácil – reforma nunca é. Mas há centenas de igrejas que precisam de pastores que irão fazer esse sacrifício diário por causa do reino. Então, ao meu jovem amigo seminarista que queria “fazer grandes coisas para Deus”, eu tinha uma sugestão: “Em vez de fazer grandes coisas para Deus”, eu disse, “por que você não tenta simplesmente ser fiel a um grande Deus?”.
Eu penso que isso foi o que todos os grandes reformadores fizeram e, também, o que grandes pastores fazem hoje. A grandeza deles, se é assim que você deseja chamar, não está em uns poucos atos heroicos, mas no acúmulo de muitos dias fiéis gastos em pregação, oração e no trabalho de reforma.